LabPP

Os primeiros 20 anos

Em agosto de 2004, o novo currículo do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade de Comunicação (FAC) da Universidade de Brasília (UnB) entrava em seu terceiro ano. Esse currículo, gestado na virada do milênio, trazia em seu cerne um forte espírito de inovação pedagógica e a exploração de práticas profissionais singulares. A primeira turma formada nessa nova matriz curricular chegava ao 5º semestre de sua jornada e se deparava com uma disciplina de formato e proposta bem diferentes do que era usual nos primeiros anos do século XXI. Esse era o momento de estreia do Laboratório em Publicidade e Propaganda (LabPP), uma disciplina concebida para ser o núcleo do curso, onde uma série de habilidades e competências, assim como teorias e práticas, seriam postas à prova.

O LabPP tinha uma missão importante e, ao mesmo tempo, muito desafiadora: ser o guia de avaliação da nova estrutura do curso e a bússola para a conclusão da formação dos estudantes dali em diante. Com todas essas responsabilidades, essa disciplina incomum — que ocupava 4 das 5 manhãs da semana com encontros presenciais — foi planejada e ofertada com 3 professores e uma turma repleta de expectativas, vontades e dúvidas. A concepção pedagógica apontava para uma disciplina que simulava uma agência de publicidade, proporcionando aos estudantes a experiência de trabalhar em um ambiente profissional que, na perspectiva do ensino-aprendizado, priorizasse não apenas a prática, mas, sobretudo, a articulação da teoria aplicada.

Aqueles primeiros semestres foram marcados por muita improvisação e criatividade, já que o LabPP não possuía um espaço físico próprio na Faculdade, nem recursos materiais compatíveis com as demandas previstas. Esses desafios incluíam também a definição dos trabalhos que seriam realizados por essa peculiar agência. Quais clientes conseguiriam compreender a dinâmica de uma agência que também era uma disciplina? Quais jobs seriam adequados à metodologia proposta? Enfim, como seria possível fazer uma agência funcionar em condições tão improváveis?

Essa ideia foi posta à prova de várias maneiras e sob diferentes perspectivas nesses primeiros anos, e o comprometimento dos estudantes nesse período de fundação foi essencial para os resultados obtidos. Campanhas sociais, eventos de instâncias da própria universidade e até campanhas internas do próprio LabPP foram as primeiras faíscas experimentais que começaram a indicar o rumo de um caminho que se abria de forma [absurdamente] ampla. Criar demandas “fantasmas” gerou ótimos resultados, incluindo prêmios; trabalhar para eventos reais trouxe uma mistura de experiência prática e estresse palpável; enquanto a dedicação às demandas internas do LabPP gerou certa comodidade, além de algum aprendizado. No entanto, o DNA do LabPP, ainda em formação, precisava encontrar as bases que consolidariam efetivamente sua identidade.

É claro que essas experiências foram repetidas, adaptadas, melhoradas e, muitas vezes, descartadas. Afinal, a formação de uma identidade não acontece de forma aleatória; ela é cultivada com dedicação, colaboração e paciência. Os desbravadores testaram estratégias, metodologias e utilizaram tanto sua experiência — profissional e de vida — quanto, por que não, um pouco de caos para estabelecer as bases desses genes que hoje são tão facilmente reconhecidos.

Hoje, quase vinte anos depois, e após lindas e primorosas contribuições, ainda continuamos a nos perguntar quem somos. Às vezes, a resposta surge de forma fácil e fluida; em outras ocasiões, olhamos uns para os outros, nos questionamos, confabulamos, refletimos e elaboramos. Seja com respostas rápidas ou não, o que realmente importa é que somos essa mistura de pessoas, histórias, ideias e vontades que por aqui passaram. Somos experimentação e permanência, ousadia e respeito ao legado, erros e acertos, mas, acima de tudo, somos a paixão e o entusiasmo de estar aqui e fazer tudo isso acontecer.

Sempre por aqui,

Carina Flexor e Luciano Mendes

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